terça-feira, 2 de junho de 2009

Caso Fantástico Vivido por Antônio Villas Boas

Na tarde de 22 de fevereiro de 1958, Antônio Villas Boas prestou o seguinte depoimento, na cidade do Rio de Janeiro, no consultório médico do Dr. Fontes e na presença do jornalista João Martins, testemunha:

"Meu nome é Antônio Villas Boas, tenho 23 anos, sou agricultor, vivo com minha família numa fazendo de nossa propriedade, situada nas imediações da cidade de São Francisco de Sales, Estado de Minas Gerais, perto dos limites do Estado de São Paulo. Tenho dois irmãos e três irmãs, todos eles morando na vizinhança; outros dois irmãos meus já faleceram. Todos os homens da família trabalham na fazenda, cujas terras abrangem campos extensos e muitas plantações a serem cuidadas. Para lavras a terra, temos um trator com um motor a gasolina, marca Internacional, com o qual trabalhamos em duas turmas, uma diurna, outra noturna, na época do plantio. De dia, trabalham os nossos empregados; de noite, costumo trabalhar sozinho ou, às vezes, junto com meus irmãos. Sou solteiro, tenho boa saúde, trabalho duro, faço um curso por correspondência e estudo sempre que posso. Para mim foi um sacrifício viajar até o Rio, pois estão precisando de mim lá na fazenda. No entanto considerei meu dever relatar os Acontecimentos extraordinários nos quais fui envolvido. Farei de bom grado tudo quanto os senhores acharem que devo fazer e também me prontifico a depor perante autoridades civis e militares.

"Tudo começou na noite de 05 de Outubro de 1957. Naquela noite, tivemos visita, razão pela qual fomos dormir somente lá pelas 23 horas, bem depois da hora de costume. Eu estava no meu quarto, em companhia do meu irmão João. Fazia bastante calor naquela noite e, por isso, abri a janela, que dá para o terreiro, quando lá vi uma luz brilhante, que iluminava todo o ambiente. Era uma luz bem mais clara do que a do luar e não consegui distinguir sua proced6encia. Mas, evidentemente, deveria ser refletida do alto, bem em cima, pois me deu a impressão de holofotes dirigidos para baixo e iluminando a nossa fazenda toda. Porém, lá no céu, eu não pude distinguir coisa alguma. Chamei meu irmão, para ele também ver aquela luz; mas, pacato e comodista como ele só, não se incomodou e achou melhor dormirmos. Em seguida, fechei as venezianas e fomos dormir. No entanto, aquela luz não me saía da cabeça e nem me deixava pregar os olhos, de modo que, sentindo uma curiosidade imensa, tornei a levantar-me e a abrir as venezianas, para ver o que se passava lá fora. A luz continuava inalterada, no mesmo lugar. Fiquei de olhar fixo naquela luz quando, de repente, se deslocou para perto da minha janela. Assustado, bati as venezianas, com tamanho barulho que acordei meu irmão que já tinha adormecido. Dentro do quarto escuro, ele e eu acompanhamos a luz que entrava pelas venezianas: vimo-la deslocar-se em direção ao telhado, por onde penetrou, então, pelas frestas entre as telhas. Por fim, a luz desapareceu e não voltou mais.

Em 14 de Outubro houve o segundo incidente. Deve ter ocorrido entre 21:30 e 22 horas; não posso precisar a hora exata, pois estava sem relógio. Trabalhei com o trator em companhia de um outro dos meus irmãos. De repente, avistamos uma luz muito clara, penetrante, a ponto de fazer doer a vista. Quando a vimos pela primeira vez, despontou grande e redonda, como uma roda de carroça, na ponta norte do campo, cuja terra lavramos; era de um vermelho claro e iluminou uma grande área. Distinguimos alguma coisa dentro daquela luz, mas não posso precisar o que era, pois fiquei com a vista totalmente ofuscada. Pedi a meu irmão que me acompanhasse até lá, para ver de perto o que havia. Mas ele se negou a me acompanhar. Então, fui sozinho. Quando me aproximei da luz, ela se deslocou repentina e ultravelozmente para a ponta sul do campo, onde ficou novamente parada. Corri atrás da luz, que então, tornou a voltar para onde estava antes. Tornei a correr atrás da luz, mas ela fugiu de mim, repetindo essa sua manobra umas vinte vezes e não permitindo que eu chegasse perto dela. Então desisti de pegá-la e voltei para junto de meu irmão. Por uns poucos minutos, a luz ficou imóvel, à distância; ela parecia emitir raios intermitentes, em todas as direções, que me fizeram pensar nos raios do sol poente. Em seguida, desapareceu tão repentinamente, que tive a impressão de ter sido apagada. No entanto, não tenho certeza absoluta de as coisas, realmente, se terem passado dessa maneira, pois não sei mais se durante todo o tempo mantive meu olhar fixo na luz. Talvez tenha desviado o olhar por algum instante, ocasião em que ela poderia ter subido de repente.

No dia seguinte, 15 de Outubro, trabalhei sozinho com o trator. Era uma noite fria e o céu noturno, claro, estava salpicado de estrelas. Precisamente à 1 hora vi uma estrela vermelha, de apar6encia igual à de uma daquelas grandes estrelas bem claras. No entanto, percebi logo que não se tratava de uma estrela, pois aumentou progressivamente de tamanho e parecia se aproximar de mim. Dentro de Alguns instantes, tornou-se um objeto brilhante, de forma de um ovo, que se dirigiu a mim a uma velocidade incrível. Sua aproximação era tão veloz que já estava sobre o trator antes de eu poder pensar no que deveria fazer. De repente, o objeto ficou parado e desceu até uns 50 metros acima da minha cabeça. O trator e o campo ficaram iluminados, como mergulhados em plena luz do dia. A luz dos faróis do meu trator ficou completamente ofuscada por aquele brilho penetrante, vermelho-claro. Senti um medo horrível, pois não podia fazer idéia do que seria aquilo. Eu queria fugir com o trator, mas, em comparação com a velocidade daquele objeto, sua marcha era lenta demais e foram inúteis todos os meus esforços para acelerá-lo. Da mesma forma, pular do trator e tratar de fugir a pé, correndo na terra recém lavrada, tampouco me teria adiantado qualquer coisa; ademais, desse jeito, eu me teria arriscado a fraturar uma perna.

Enquanto fiquei lá, uns dois minutos, hesitante, sem saber o que fazer, a luz tornou a se deslocar e parou a uns 10 a 15 metros à frente do meu trator, para, então, lentamente, pousar no solo. Aproximou-se de mim, mais e mais, até que consegui distinguir que se tratava de uma máquina fora do comum, quase redonda, com pequenas luzes vermelhas dispostas em toda a sua circunferência. À minha frente, havia um enorme farol vermelho, que ofuscou minha vista quando o objeto desceu. Agora distinguia nitidamente os contornos da máquina; ela era parecida com um ovo alongado, apresentando três picos, um no meio e um de cada lado; eram picos metálicos, de ponta fina e base larga; não pude distinguir sua cor, por causa da forte luz vermelha em que estavam mergulhados. Em cima havia algo girando a alta velocidade, que, por sua vez, emitia uma luz vermelha fluorescente.

No instante em que a máquina desacelerou para pousar, as rotações da peça giratória diminuíram e a luz se tornou - assim me parecia - verde. Naquele momento, a peça giratória jamais parou, por um segundo sequer, mantendo-se em rotação permanente, mesmo depois de o objeto voador encontrar-se no solo.

Porém, a maioria desses detalhes só notei um pouco mais tarde, porque, logo de início, fiquei nervoso demais para percebê-los. E quando, algum metro acima do solo, a parte debaixo do objeto se abriu e deles saíram três suportes metálicos, perdi os últimos resquícios do meu autocontrole. Evidentemente, estava descendo o trem de pouso, para suportar o peso do objeto na aterrizagem. Mas eu não estava disposto a esperar para ver do que se tratava. Durante esse tempo todo, o trator estava com o motor ligado e, então, pus o pé no acelerador, desviei-o do objeto voador e tentei escapar, mas após avançar alguns metros, o motor parou e os faróis se apagaram. Eu não sabia por quê, pois o motor estava ligado e os faróis estavam acesos. Dei a partida, mas o motor não pegou. Em vista disso, pulei do trator, que estava atrás do objeto, e me meti a correr. Porém, um minúsculo ser estranho, que mal chegava a altura dos meus ombros, pegou no meu braço. Desesperado, apliquei-lhe um golpe, que o fez perder o equilíbrio, largar o meu braço e cair para trás. Novamente, tentei correr, quando, instantaneamente três outros seres alienígenas pegaram-me por trás e pelos lados, segurando meus braços e minhas pernas e levantando-me do solo, sem que eu pudesse esboçar sequer o menor gesto. Tentei me livrar deles, mas me seguraram firme e não me deixaram escapar. Aí, então, gritei por socorro, maldisse-os e exigi que me soltassem. Meus seqüestradores devem ter ficado espantados ou curiosos com os gritos, pois, enquanto me levavam para o objeto voador, toda vez que abria a boca, me olhavam na cara, sem, no entanto, afrouxar a garra com que me prendiam. Tirei essa conclusão de sua atitude para comigo e, com isso, fiquei um pouco aliviado. Carregaram-me até a máquina, que estava pousada uns 10 metros acima do solo, sobre os suportes metálicos já descritos. Na parte traseira do objeto voador havia uma porta, que se abria de cima para baixo, e, assim, serviu de rampa. Na sua ponta havia uma escada de metal, do mesmo metal prateado das paredes da máquina, e que descia até o solo. Os meus seqüestradores alienígenas só tiveram dificuldades em me fazer subir aquela escada, que só dava para duas pessoas, uma ao lado da outra, e, além do mais, não era firme, mas, sim, móvel, balançando fortemente a cada uma das minhas tentativas de me livrar dos meus captores. De cada lado havia um corrimão, de espessura de um cabo de vassoura, no qual me agarrei, para não ser levado para cima, o que fez com que eles tivessem de parar, a fim de tirar as minhas mãos daquela peça. No entanto, também o corrimão era móvel, e quando desci por aquela escada, tive a impressão de ser de elos de corrente.

Por fim, conseguiram me levar para o interior do objeto, onde me deixaram em um pequeno recinto quadrado. A luz brilhante do teto metálico refletia-se nas paredes de metal polido; era emitida por numerosas lâmpadas quadradas, embutidas debaixo do teto, ao redor da sala.

Deixaram-me de pé, no chão. A porta de entrada, junto com a escada recolhida, levantou-se e se fechou. O recinto estava iluminado como se fosse pela luz do dia, mas, mesmo sob essa luz brilhante, não se percebia o lugar da porta, que, depois de fechada, ficou totalmente integrada à parede. Um dos cinco seres presentes apontou com a mão para uma porta aberta e me fez compreender que eu deveria segui-lo para aquele recinto contíguo. Obedeci, já que não havia outro jeito.

Prosseguimos então para aquele recinto, que era maior do que o outro e semi-oval. Lá, as paredes brilhavam como as da sala anterior. Creio que me encontrava bem no setor central da máquina, pois no meio havia uma redonda, aparentemente maciça, mas estreita no meio. Dificilmente aquela coluna estaria ali apenas a título de enfeite. A meu ver, ela suportava o teto. Os únicos móveis existentes eram uma mesa de desenho esquisita e várias cadeiras giratórias, parecidas com as nossas cadeiras de balcão de bar. Todos os objetos eram de metal. A mesa e as cadeiras tinham um só pé no centro, que, na mesa, era firmemente fincado na base; nas cadeiras o pé era ligado a três reforços laterais salientes, por um anel móvel e embutido no piso. Assim, as cadeiras tinham movimento livre para todos os lados.

Os seres alienígenas continuaram a me segurar e, evidentemente, conversavam a meu respeito. Quando digo conversavam é bom frisar que aquilo o que deles ouvi não teve sequer a menor semelhança com sons humanos. Tampouco, posso imitar sua fala. De repente, pareciam ter chegado a uma decisão. Todos os cinco começaram a me despir. Eu me defendi o melhor que pude, gritei, xinguei. Eles pararam, me olharam e tentaram fazer-me compreender que queriam passar por gente educada. No entanto, mesmo assim, continuaram a me despir, até que fiquei completamente nu; e, apesar dos meus violentos protestos, debatendo-me fortemente durante todo aquele processo, não chegaram a me machucar em a rasgar qualquer peça de minha roupa.

Por fim, á estava eu, completamente pelado e com um medo horrível, pois não sabia o que fariam em seguida. Um dos meus seqüestradores aproximou-se de mim, segurando algo que me parecia uma espécie de esponja, com a qual passou um líquido em todo o meu corpo. Era uma esponja bem macia, não uma daquelas esponjas comuns, e o líquido era bem claro e inodoro, porém mais viscoso do que a água. Primeiro, pensei que fosse um óleo, mas não pode ter sido, porque a minha pele não ficou oleosa, nem gordurosa; quando passaram aquele líquido no meu corpo, senti um frio intenso, pois, além de a noite estar fria, naqueles dois recintos, no interior da máquina, a temperatura era bastante baixa. Sofri por ficar despido, mas sofri ainda mais depois de me terem passado aquele líquido, e tremi como vara verde, de tanto frio que senti. No entanto, o líquido secou logo e, pouco mais tarde, já não senti mais nada.

Então, três dos meus seqüestradores me levaram para a porta, do lado oposto daquela pela qual entrei no interior da máquina. Um deles tocou em algo bem no centro da porta, que, em seguida, se abriu para os dois lados, como uma porta de encaixar, de bar, feita de uma só folha, do piso ao teto. Em cima, havia uma espécie de inscrição com letreiros luminosos, vermelhos; os efeitos da luz deixaram aqueles letreiros salientes, destacados da porta em 1 ou 2 centímetros. Eram totalmente diferentes de quaisquer dos símbolos ou caracteres que conheço; procurei gravá-los em minha memória, mas já os esqueci.

Em companhia de dois dos seres alienígenas, ingressei em uma pequena sala quadrada, iluminada como os demais recintos; a porta fechou-se atrás de mim. Quando olhei para lá, nada havia de porta, somente uma parede igual às outras.

De repente, a parede tornou a se abrir e pela porta entraram mais dois seres5; levavam nas mãos dois tubos de borracha vermelha, bastante grossos, cada um medindo mais de um metro. Uma das pontas do tubo estava ligada a um recipiente de vidro em forma de taça; na outra ponta havia uma peça de embocadura, parecida com uma ventosa, que colocaram sobre a minha pele, debaixo do queixo, onde ainda tenho uma mancha escura, que ficou como cicatriz. Antes de o alienígena iniciar sua operação, comprimiu o tubo de borracha fortemente com a mão, como se dele quisesse expelir todo o ar. Logo no início, não senti dores, nem comichão, mas notei apenas que minha pele estava sendo sugada; em seguida, senti que ardia e tive vontade de me coçar; enfim, descobri que a pele ficou machucada, ferida. Depois de me terem colocado o tudo de borracha, vi como a taça se encheu lentamente do meu sangue até a metade. Aí, então, pararam; retiraram o tubo de borracha e substituíram-no pelo outro. Sofri nova sangria; dessa vez, no outro lado do queixo. Os senhores podem verificar uma mancha escura, igual à que já lhes mostrei. Daquela vez, a taça ficou cheia até a borda. Terminada a sangria, os homens retiraram o tubo de borracha e também nesse lugar a minha pele ficou ferida, ardendo e me deixando com coceira. Depois disso, eles saíram, fecharam a porta e eu fiquei sozinho naquela sala.

Por um bom tempo, ninguém se preocupou comigo e fiquei a sós por mais de meia hora. Naquela sala não havia móveis, exceto uma espécie de cama, sem cabeceira nem moldura. Como aquela cama era curva, com uma saliência bem no meio, não era muito cômoda, mas, pelo menos, era macia, como se fosse feita de espuma e coberta com uma fazenda grossa, cinzenta, também macia.

Como me senti cansado depois de tudo que eu passei, sentei-me naquela cama. No mesmo instante, senti um cheiro forte, estranho que me causou náuseas; tive a impressão de inalar uma fumaça grossa, cortante, que me deixou quase asfixiado. Talvez fosse isso mesmo, pois, quando examinei a parede pela primeira vez, notei uma quantidade de pequenos tubos metálicos com umas das pontas tapadas embutidos na parede, à altura da minha cabeça. Semelhantes a um chuveiro apresentavam múltiplos furinhos, pelos quais saiu uma fumaça cinzenta, que se dissolveu no ar. Daí, o mau cheiro. Senti-me bastante mal e fiquei com ânsias de vômito; fui para um canto da sala e vomitei. Em seguida, pude respirar sem dificuldades, porém continuei a me sentir mal com aquele cheiro.

Fiquei bastante deprimido. O que será que eles pretendiam de mim?

Até àquela hora não fazia a menor idéia de como seria a aparência daqueles alienígenas. Os cinco usavam macacões bem colantes, de uma fazenda grossa, cinzenta, muito macia e, em alguns pontos, colada com tiras pretas. Cobrindo a cabeça e o pescoço, usavam um capacete de mesma cor, mas de material mais consistente - não sei de que era -, reforçado atrás, com estreitas tiras de metal. Esse capacete cobria toda a cabeça deixando à mostra somente os olhos, que pude distinguir através de algo parecido com um par de óculos redondos. Os homens estranhos fixaram-me com seus olhos claros, que me pareciam azuis. Acima dos olhos, o capacete tinha duas vezes a altura de uma testa normal. Provavelmente, sobre a cabeça, debaixo do capacete, usavam mais alguma coisa. A partir do meio da cabeça, descendo pelas costas e entrando no macacão, à altura das costelas, notei três tubos redondos de prata, dos quais não sei dizer se eram de borracha ou metal. O tubo central descia pela coluna vertebral; à esquerda e à direita desciam os dois outros tubos, até uns 10 centímetros abaixo das axilas. Não vi nenhuma depressão ou protuberância que indicasse uma ligação entre estes tubos e um recipiente ou instrumento escondido debaixo do macacão.

As mangas do macacão eram estreitas e compridas; os punhos continuavam em luvas grossas, de cinco dedos, da mesma cor, que obviamente, dificultava o movimento das mãos. Percebi como os homens mal conseguiam tocar com a ponta dos dedos a parte interna da mão. Contudo, isso não os impediu de me segurar com bastante firmeza e manipular habilmente os tubos de borracha enquanto me faziam a sangria.

Quanto aos seus macacões, creio que eram uma espécie de uniforme, pois todos os tripulantes usavam um escudo do tamanho de uma rodela de abacaxi, que se ligava a uma estreita cinta sem fivela através de uma tira de pano prateado ou metálico. Nenhum dos macacões tinham bolsos ou botões. As calças eram compridas e colantes e continuavam numa espécie de sapatos de tênis, sem, no entanto, mostrar onde terminava a calça e começava o sapato. Todavia, a sola dos sapatos deles era de 4 a 7 centímetros de espessura; era bem diferente da dos nossos sapatos. Nas pontas, os sapatos eram levemente encurvados para cima, mas não como a gente vê nas personagens de contos de fada. Os alienígenas se movimentavam hábil e rapidamente; só que o macacão parecia interferir um pouco nos movimentos do corpo, pois eles me impressionaram como figuras um tanto rígidas. Todos eles eram do meu tamanho, menos um, que não chegava à altura do meu queixo. Eram fisicamente fortes, mas não a ponto de me meterem medo; lá na minha terra, eu não teria dúvida de brigar com qualquer um deles.

No meu entender, passou-se uma verdadeira eternidade, quando então um ruído na porta interrompeu as minhas meditações. Virei-me para lá e vi uma moça aproximando-se de mim. Lentamente, veio ao meu encontro. Estava totalmente nua, descalça - como eu. Fiquei perplexo e, aparentemente, ela achou divertida a expressão do meu rosto. Era muito formosa completamente diferente das outras mulheres que conheço. Seus cabelos eram macios e louros, quase cor de platina - como que esbranquiçados - e lhe caíam na nuca, com as pontas viradas para dentro. Usava o cabelo repartido ao meio e tinha grandes olhos azuis, amendoados. Seu nariz era reto. Os ossos da face, muitos altos, conferiam às suas feições uma aparência heterogênea, deixando o rosto bem mais largo do que o das índias sul-americanas e, com o queixo pontudo, ele ficava quase triangular. Tinha os lábios finos, pouco marcados, e suas orelhas (que cheguei a ver mais tarde) eram exatamente como a de nossas mulheres terrestres. Tinha o corpo mais lindo que jamais vi em moça alguma, com os seios bem formados, firmes e altos, cintura fina. Os seus quadris eram largos, as coxas compridas, os pés pequenos, as mãos finas e as unhas normais. Ela era de estatura bem baixa, e sua cabeça mal chegava aos meus ombros.

Essa moça se aproximou de mim, em silêncio; fitou-me com seus olhos grades, expressando expectativa, dizendo que estava esperando algo de mim. De repente, ela me abraçou e começou a esfregar seu rosto contra o meu, enquanto apertava o corpo contra o meu. Tinha a pele alvíssima das nossas mulheres louras e os braços cheios de sardas. Senti somente o cheiro de seu corpo, tipicamente feminino, sem nenhum perfume na pele ou nos cabelos.

A porta tornou a se fechar. A sós com aquela moça, que não me deixou a menor dúvida quanto a seus desejos, fiquei muito excitado. Considerando a situação em que me encontrava, isso parece um tanto improvável, mas creio que foi por causa do líquido que passaram no meu corpo. Devem tê-lo passado de propósito. Só sei que não consegui mais refrear meu apetite sexual. Jamais isso me acontecera. Enfim, acabei não pensando em mais nada, peguei a moça e retribuí suas carícias. Era um ato normal e ela comportou-se como qualquer outra mulher, mesmo após várias repetições do ato. Depois, ela ficou cansada e respirou com dificuldade. Eu ainda continuei em estado de forte excitação, mas ela recusou meu amor. Quando percebi a recusa, fiquei desiludido. Pensei, esse era o papel que me coube desempenhar: o de um touro de raça, selecionado para promover um cruzamento experimental. Fiquei um tanto zangado, mas não mostrei emoção alguma, pois, apesar de tudo, tive uma experiência bastante agradável. Porém, eu não trocaria uma das nossas moças por ela, porque prefiro uma para conversar e que entenda o que a gente fala. Além disso, seu grunhido, em alguns momentos, deixou-me irritado. Tampouco ela sabia beijar, a não ser que as leves mordidas no meu queixo valessem por um beijo. Em todo caso, não tenho certeza de nada disso. Só achei esquisito que os cabelos de suas axilas e aqueles em outro lugar fossem vermelho-sangue.

Pouco depois de nossos corpos se terem separado, a porta se abriu e um dos homens alienígenas chamou a moça. Antes de sair da sala, ela virou-se para mim, apontou, primeiro, para sua barriga, depois, com uma espécie de sorriso, para mim e, por último, para o céu - acho que foi para o quadrante sul. Depois, ela saiu. Interpretei esse gesto como uma advertência, prenunciando sua volta, quando, então, ela me levaria consigo, para onde quer que fosse. Até hoje estou tremendo de medo, ao pensar que, se e quando retornarem e me seqüestrarem de novo, estarei definitivamente perdido. De jeito algum estaria disposto a me separar da minha família e abandonar a minha terra.

Àquela altura, um dos alienígenas voltou com a minha roupa, que tornei a vestir. Devolveram-me tudo, menos o meu isqueiro, que bem poderia ter caído no chão, durante a luta com os seqüestradores. Voltamos para o outro recinto, onde três dos tripulantes estavam sentados nas cadeiras giratórias, grunhindo um para o outro (acho que conversavam). Aquele que veio me buscar juntou-se a eles e me deixou sozinho. Enquanto eles falavam, procurei gravar na memória todos os detalhes ao meu redor e observar minuciosamente tudo quanto ali se passava. Assim, reparei que dentro de uma caixa com tampa de vidro que estava sobre uma mesa havia um disco parecido com um mostrador de relógio; havia um ponteiro e, no lugar dos números 3, 6 e 9, uma marcação negra. Somente no lugar em que normalmente está o número 12 havia quatro pequenos símbolos negros, um do lado do outro. Não sei para que serviria isso, mas foi assim que o vi.

Primeiro pensei que aquele instrumento fosse uma espécie de relógio, pois, vez em outra, um dos alienígenas o fitava. No entanto, dificilmente seria um relógio, pois, durante todo o tempo os ponteiros permaneceram imóveis.

Aí, então, tive a idéia de pegar naquela coisa e levá-la comigo, a título de prova da minha aventura. Com aquela caixa, o meu problema teria sido resolvido. Quem sabe, quando os homens notassem meu interesse por aquele objeto, talvez me fizessem presente dele. Tratei de me aproximar dele, aos poucos, e, quando eles não me olhavam puxei-o da mesa com as duas mãos. Pesava certamente uns 2 quilos. Porém, eles não me deram tempo para olhá-lo de perto, pois, com a rapidez de um raio, um dos homens empurrou-me para o lado, tirou a caixa das minhas mãos e, furioso, tornou a colocá-la no lugar.

Recuei até a parede mais próxima e fiquei parado, imóvel. Normalmente, não costumo sentir medo, mas, naquela situação, achei melhor ficar quieto, pois já sabia que eles me tratavam bem somente quando meu comportamento era do agrado deles. Para que, então, correr um risco, sem qualquer chance de êxito ou proveito? Portanto, fiquei parado ali, à espera de que as coisas acontecessem.

A moça não apareceu mais, nem despida, nem vestida; mas descobri onde ela deveria estar. Na parte dianteira do recinto grande havia mais uma porta, um pouco entreaberta, e, vez ou outra, dava para ouvir um ruído de passos dirigindo-se de um lado para o outro. Como todos os demais tripulantes estavam naquele recinto grande, os passos que ouvi somente poderiam ter sido da moça. Suponho que essa parte dianteira se tratava da cabine de navegação da máquina, porém, não tenho condições de prová-lo.

Enfim, um dos homens levantou-se e me fez um sinal para segui-lo. Os demais nem me olharam e, assim, atravessamos a pequena ante-sala, até a porta de entrada, já aberta e com a escada descida. No entanto, ainda não descemos, mas o homem me fez compreender que eu devia acompanha-lo até a rampa que havia em ambos os lados da porta; ela era estreita, mas permitiu dar uma volta completa ao redor da máquina. Primeiro fomos para frente e lá vi uma protuberância metálica sobressaindo da máquina; na parte oposta havia essa mesma protuberância. A julgar por sua forma, concluí que talvez fosse o dispositivo de controle para a decolagem e pouso da máquina. Devo admitir que jamais vi aquele dispositivo em funcionamento, nem quando a máquina levantou vôo, razão pela qual não sei explicar sua função.

Em frente, o alienígena apontou para os picos de metal, ou melhor, as esporas metálicas já mencionadas. Os três estavam firmemente ligados à máquina; a do meio, diretamente com a parte dianteira. As três esporas tinham a mesma forma, base larga, diminuindo para uma ponta fina e sobressaindo horizontalmente. Não posso avaliar se eram do mesmo metal da máquina; elas brilhavam como metal incandescente, as não irradiavam nenhum calor. Um pouco acima da esporas metálicas havia luzes vermelhas; as duas laterais eram pequenas e redondas, ao passo que a da parte dianteira era enorme. Eram os possantes faróis, que já descrevi. Acima da rampa, ao redor da máquina, estavam dispostas inúmeras lâmpadas quadradas, embutidas no casco da máquina. Seu brilho vermelho refletiu-se na rampa, a qual, por sua vez, terminava em uma grande placa de vidro grosso, que entrava fundo no revestimento de metal. Como não havia janelas em parte alguma, julguei que aquela vidraça serviria para olhar o mundo lá fora, mesmo que não desse boa visão, pois, visto de fora, o vidro parecia bastante turvo.

A meu ver, as esporas metálicas na frente dianteira deveriam estar relacionados com a força de propulsão, pois, quando a máquina levantou vôo, seu brilho ficou muito intenso e se confundiu por completo com o da luz do farol principal.

Após a vistoria da parte frontal da máquina, voltamos para a parte traseira (que apresentava uma curvatura bem mais pronunciada do que a da dianteira), mas, antes disso, paramos mais uma vez, quando o alienígena apontou para cima, onde estava girando a imensa cúpula em forma de prato. Ao girar lentamente, mergulhava numa luz esverdeada, cuja fonte não consegui detectar; simultaneamente, emitia um som parecido com assobio, lembrando o ruído de um aspirador ligado ou de ar que entrasse por numerosos pequenos orifícios.

Quando, mais tarde, a máquina decolou, as rotações da cúpula se aceleraram progressivamente, até desaparecer por completo, e, em seu lugar, permanecer apenas um brilho de luz vermelho-clara. Ao mesmo tempo, o ruído cresceu para um estrondoso uivar e, com isso, para mim não havia dúvida de que a velocidade da rotação da cúpula determinava o volume do som do ruído.

Depois de me ter mostrado tudo, o alienígena me levou para a escada metálica e me deu a entender que eu estava livre para sair. Ali estava ele, apontando, primeiro, para si próprio, depois para mim e, finalmente, para o quadrante sul, lá no céu. Em seguida, fez sinal de que ia recuar e desapareceu no interior da máquina.

A escada metálica foi se encurtando, com um degrau se empilhando sobre o outro, como em uma pilha de lenha, e, ao chegar lá em cima, a porta se levantou - quando aberta, formava a rampa -, até ficar embutida na parede da máquina e tornar-se invisível. As luzes da esporas metálica do farol principal e da cúpula ficaram progressivamente mais intensas com o aumento das rotações. Lentamente, a máquina subiu, em uma linha vertical, recolhendo, ao mesmo tempo, seu trem de pouso; em seguida, a parte de baixo do objeto parecia tão lisa, como se de lá jamais tivesse saído coisa alguma.

O objeto voador subiu devagar, até uns 30 a 50 metros de altura; lá parou por alguns segundos, enquanto sua luminosidade se tornava mais intensa. O ruído de uivar tornou-se mais forte, a cúpula começou a girar com uma velocidade enorme, ao passo que sua luz foi se transformando progressivamente, até ficar vermelho-clara. Naquele instante , a máquina inclinou-se ligeiramente para o lado, ouviu-se uma batida rítmica e, repentinamente, desviou-se para o sul, desaparecendo de vista uns poucos segundos depois.

Finalmente, voltei para o meu trator. À 1:15 horas fui levado, contra minha vontade, para o interior da máquina alienígena, de onde saí às 5:30 horas da madrugada. Portanto, me deixaram preso durante quatro horas e quinze minutos. Bastante tempo.

Nada falei dessa minha experi6encia a ninguém, a não ser à minha mãe, a única pessoa com quem me abri. Ela achou melhor jamais ter contato com gente assim. Não tive coragem de contar coisa alguma ao meu pai. Já lhe havia falado anteriormente sobre a luz na cúpula, mas ele não acreditou em minhas palavras e achou que tudo aquilo era pura imaginação. Mais tarde resolvi escrever ao Sr. João Martins, contando o que houve; para tanto fui motivado pela leitura de seu artigo publicado em novembro próximo passado, na revista O Cruzeiro, solicitando que os leitores lhe enviassem qualquer relato referente a discos voadores. Se eu tivesse dinheiro, já teria viajado para o Rio em data anterior, mas, como não tinha, foi preciso aguardar sua resposta e a oferta de financiar partes das minhas despesas de viagem.


NOTAS CLÍNICAS E RELATÓRIO SOBRE O EXAME MÉDICO, ASSINADO PELO Dr. OLAVO FONTES:

DADOS PESSOAIS:

Antônio Villas Boas, branco, solteiro, fazendeiro, residente em São Francisco de Sales, Minas Gerais.

FICHA CLÍNICA:

Conforme seu depoimento, ele deixou a máquina em 16 de Outubro de 1957, às 5:30 horas. Seu estado físico era de bastante fraqueza, pois nada tinha comido desde as 21:00hs da véspera e, enquanto esteve na máquina, vomitou diversas vezes. Voltou para casa exausto e dormiu quase o dia todo. Ao acordar, às 16:30 horas, sentiu-se bem e tomou uma refeição regular. No entanto, já naquela noite e nas noites seguintes, não conseguia dormir. Ele ficava muito nervoso, fortemente excitado, e, sempre que conseguia pegar no sono, sonhava com os acontecimentos da noite anterior, como se tivesse de reviver tudo aquilo. A essa altura despertava com um grito e tinha a sensação de estar outra vez preso por seus seqüestradores.

Após ter passado repetidamente por aquela experiência desistiu de tentar dormir naquela noite e procurou passá-la lendo e estudando. No entanto, tampouco logrou realizar esse intento, pois não conseguia concentrar-se naquilo que estava lendo; seus pensamentos sempre voltavam e giravam em torno dos acontecimentos daquela noite fatídica. Ao raiar o dia, ele estava completamente confuso, correndo de um lado para o outro, fumando um cigarro após o outro. Sentiu-se cansado, exausto. Teve vontade de comer alguma coisa, mas acabou tomando somente um cafezinho; logo em seguida, sentiu-se mal, vomitou; a ânsia de vômito e as fortes dores de cabeça continuaram durante todo o dia. Como ele estava absolutamente sem apetite, rejeitou qualquer alimento.

Também a segunda noite após o incidente, ele a passou em claro e no mesmo estado físico. Ainda sentiu seus olhos arderem, mas as dores de cabeça cederam.

No segundo dia, continuou com ânsia de vômito e sem apetite, porém não vomitou mais, provavelmente porque nada comeu. Os olhos lhe ardiam mais e começaram a lacrimejar constantemente, embora não fosse constatada qualquer inflamação do tecido conjuntivo, nem fossem achados sintomas de outra irritação da vista ou impedimento da visão. Na terceira noite, o paciente conseguiu dormir normalmente. A partir de então, ele sentiu uma excessiva necessidade de sono, que perdurou por mais de um mês. Chegou a cochilar até durante o dia, pouco importando onde se encontrasse ou o que estivesse fazendo; cochilava mesmo enquanto conversava com outras pessoas. Para adormecer, bastava ficar quieto algum tempo. Durante aquele estado de sonolência, seus olhos continuavam a arder e a lacrimejar. Quando, no terceiro dia, as ânsias de vômito cederam, seu apetite voltou e ele comeu normalmente. Seus olhos pioravam, quando expostos ao sol, e, assim, procurou evitar toda a claridade. No oitavo dia, quando já estava trabalhando no campo, sofreu uma ligeira efusão de sangue no antebraço; no dia seguinte o hematoma infeccionou, formando pus e provocando coceiras. Depois de sarar, no lugar do hematoma ficou um círculo vermelho. Cerca de quatro a dez dias mais tarde, de repente e sem qualquer ferimento prévio semelhante lesões dermatológicas apareceram nos antebraços e nas pernas. Começavam com uma pústula, aberta ao meio, que provocava fortes coceiras e levava de dez a vinte dias para sarar. O paciente referiu que essas pústulas, depois de sarar, deixavam cicatrizes, com manchas vermelhas escuras à sua volta.

Ele informou que anteriormente jamais havia sofrido de eczemas ou irritações cutâneos, tampouco de hematomas, contusões ou feridas abertas (segregando sangue); quando estas últimas apareciam, vez por outra, eram tão leves que nem chegava a notá-las. No décimo quinto dia após sua experi6encia, surgiram duas manchas amareladas, mais ou menos simetricamente dispostas, à direita e à esquerda do nariz, e o paciente comentou a respeito: "Aquelas manchas eram esbranquiçadas, como se a pele estivesse carente de irrigação sanguínea". Depois de uns dez dias, as manchas desapareceram tão de repente quanto surgiu. Ao lado das cicatrizes deixadas pelas pústulas, esporadicamente surgidas nos braços, ao longo desses últimos meses, ainda ficaram duas pequenas feridas abertas. Os demais sintomas descritos não tornaram a aparecer, até o momento. Atualmente, o paciente se sente bem e ele próprio considera bom o seu presente estado de saúde.

Ele nega a ocorrência de sintomas, como febre, diarréia, hemorragias, icterícia, durante a fase aguda da sua doença ou logo em seguida. Tampouco referiu depilação no corpo ou rosto, ou queda de cabelos, de outubro até hoje (*Isso em Fevereiro de 1958). Na fase da sonolência, sua capacidade de trabalho não ficou notadamente diminuída. Da mesma maneira, não se registrou qualquer diminuição na sua libido, na sua potência ou visão, como não teve anemia, nem pústulas na boca.

AMNÉSIA:

Quanto a doenças infantis agudas, o paciente referiu ter sofrido de sarampo e varicela, sem complicações. Não teve doenças venéreas. Em anos passados, sofreu de uma colite, que não incomoda mais.

EXAME MÉDICO:

Trata-se de pessoa do sexo masculino, de cor branca, cabelos pretos, macios, olhos escuros. Ausência de sintomas de males agudos ou crônicos.

Biótipo: pernas compridas, leptossômico.

Fácies: atípica altura média (1,64 metro, sem sapatos), esbelta, porém forte e de musculatura bem desenvolvida.

Estado de Nutrição: nenhum sintoma de carência de vitaminas; nenhuma má formação ou anomalia física.

Pêlos do Corpo e Características Sexuais: normais.

Dentes: em bom estado de conservação.

Gânglios: não palpáveis externamente.

Mucosas: todas um tanto pálidas.

EXAME DERMATOLÓGICO:

Foram constatadas as seguintes alterações patológicas:

1) À direita e à esquerda do queixo, duas pequenas manchas, hipercromática, quase redondas; uma delas é do tamanho de uma moeda de dez centavos; a outra é maior e de contornos irregulares. Ali, a pele parece ser mais fina e delicada, como que recém-formada ou um tanto atrofiado. Inexistem pontos de referência para determinar o tipo e a idade daquelas duas manchas. Tudo quanto se pode dizer a respeito resume-se no seguinte: são cicatrizes de feridas superficiais, na pele, relacionadas com efusão de sangue, datando, no máximo, de uns doze meses e, no mínimo, de um mês. É lícito supor que se trata de manchas da pele, as quais, provavelmente, desaparecerão dentro de alguns meses. Além dessas manchas, não foram constatadas outras manchas similares ou marcas na pele.

2) Foi notada a presença de cicatrizes deixadas por feridas na pele (datando de alguns meses, no máximo) na parte externa da mão, nos antebraços e nas pernas. O exame revelou tratar-se de pequenas pústulas ou feridas cicatrizadas, com desprendimento da pele, as bordas esfoladas, o que permite concluir por seu aparecimento em data recente. Duas dessas pústulas, no braço direito e no esquerdo, ainda não chegaram a sarar; apresentavam-se como pequenos nós ou bubões, salientes, avermelhados; são mais duros do que a pele ao seu redor, causa dor quando comprimidos e, no seu centro, segregam um líquido amarelado, seroso. A pele circundante apresenta alterações inflamatórias. Vestígios de pequenos arranhões, feitos pelas unhas do paciente, permitem supor que se trata de urticária.

Quanto às alterações patológicas constatadas, cumpre mencionar que todas as cicatrizes e alterações dermatológicas se encontram no centro de uma área hipercromática, de cor lilás-clara, um sintoma completamente fora do âmbito de nossas experiências, razão pela qual não é possível avaliar a importância ou o significado de tais áreas. Como o médico examinador não é dermatologista, carece das condições necessárias para a devida diagnose desse sintoma e, assim, limita-se a descrever as alterações em apreço, que, aliás, também foram documentadas por fotos.

ESTADO NEUROLÓGICO:

Orientação no espaço e tempo: boa.

Reações sensoriais, afecções: dentro do normal.

Atenção espontânea e estimulada: normal.

Percepções e associações mentais: reações normais.

Memória a longo e a curto prazo: boa.

Memória visual: extraordinária; detalhes relatados verbalmente são, de imediatos, esboçados ou ilustrados pelo próprio paciente.

Ausência de quaisquer sintomas diretos ou indiretos de uma doença mental.

(ass.) Olavo Fontes, doutor em Medicina.

Rio de Janeiro, 22 de fevereiro de 1958.

Em resumo, o Dr. Fontes tornou a salientar que, logo no início dos exames, soube que Antônio não tem qualquer disposição psicopatia. Ao prestar depoimento, nem por uma só vez ele caiu em contradições ou perdeu o autocontrole. Quando, por algumas ocasiões, hesitou em responder a uma pergunta, revelou comportamento normal de um indivíduo que não quer responder a determinadas perguntas, sobre circunstâncias fora do comum. Toda vez que isso aconteceu, ele disse, simplesmente: "Não sei" ou "Não sei explicar isso", mesmo sabendo que tais evasivas poderiam pôr em dúvida a credibilidade de seu relato.

Aliás, Antônio disse ao jornalista João Martins que se sentiu sem jeito para falar de certos detalhes, mormente daqueles relacionados com a experi6encia com a moça. Quanto a esse particular, Antônio não estava disposto à voluntária e espontaneamente dar maiores detalhes e foi preciso usar de muita persistência para que desse pormenor a esse respeito.

Aliás, tais manifestações emocionais correspondem perfeitamente àquilo que seria de se esperar de um homem psicologicamente normal, da procedência e do nível de cultura de Antônio.

Tampouco, Antônio revelou inclinações para a superstição, o misticismo; não considerou os tripulantes do objeto voador como anjos, super-homens ou demônios, mas, sim, achou que se tratava simplesmente de homens provenientes de outras regiões, de um outro planeta. Ele explicou essa idéia pelo fato de o tripulante que o acompanhou ao deixar o objeto voador ter apontado, primeiro, para ele, depois, para o solo e, por fim, para o céu. Além disso, durante toda a sua permanência a bordo, Antônio observou como os tripulantes usavam uniformes e capacetes fechados; dali ele concluiu que o ar normalmente aspirado por eles deve ser diferente do da Terra.

Quando o jornalista João Martins disse a Antônio que, caso seu relato viesse a ser divulgado, muitas pessoas iriam considerá-lo um louco ou um impostor, ele não se impressionou absolutamente diante de tais perspectivas, mas disse apenas:

"Nesse caso, convidaria as pessoas que falam tais coisas irem até minha terra e solicitar-lhes-ia que se informassem sobre a minha pessoa. Logo saberiam do conceito de que desfruto lá, se sou considerado um homem direito, ou não".

Decerto, João Martins tinha toda razão acerca da sua previsão, pensando que, para muita gente, Antônio seria considerado um pobre louco. No entanto, supondo que Antônio tivesse inventado aquela história, qual seria sua motivação? Dificilmente ele auferiria lucros financeiros, os quais nem almejara, como ficou comprovado mais tarde. Por outro lado, com essa história Antônio tampouco conseguiria qualquer autopromoção para satisfazer suas eventuais vaidades e ânsias de se tornar uma celebridade, visto que, desde o início, João Martins deixou bem claro que não poderia publicá-la. (Por muito tempo, a censura proibiu a publicação de reportagens que expusessem tais casos.).

Será que complexos de inferioridade ou quaisquer frustrações sexuais teriam motivado Antônio a inventar essa história? Tal eventualidade não vem ao caso, em vista do resultado do exame psicológico feito pelo Dr. Fontes. Antônio era um rapaz tímido e reservado, mas isento de complexos e psicoses produzidos por frustrações. Hoje em dia, Antônio está casado e vive muito feliz com a mulher e os filhos na fazenda. Ele continua afirmando que o incidente se deu tal qual foi por ele descrito e, fora disso, não quer saber mais nada a respeito. Antônio jamais tomou drogas ou tóxicos.

Na América do Sul, o assunto dos OVNIs sempre ocupou um ponto central no interesse geral, por causa dos numerosos aparecimentos registrados. Portanto, seria lícito supor que também Antônio tivesse tomado conhecimento daquele fenômeno, em data anterior. Assim, é provável que essa experiência tenha se passado em sua imaginação, no seu mundo imaginário, para, em seguida, sair desse plano e, para ele, tornar-se uma realidade objetiva?

Se fosse esse o caso, então a força de imaginação daquele fazendeiro simples seria digna de toda a admiração. Naturalmente, não se pode excluir a possibilidade de uma quimera.

Seja como for, ainda resta um fator importante, até agora não mencionado, que, em absoluto, não se enquadra no enredo de uma fraude: tanto o Dr. Fontes como também outros médicos - como o especialista Dr. Walter Buehler, radicado no Rio de Janeiro - constataram, sem sombra de dúvida, que os sintomas observados em Antônio foram causados indiscutivelmente por contaminação radioativa. Para tanto há uma só explicação: Antônio penetrou no âmbito de uma fonte de radiação. Aí acaba toda e qualquer imaginação, inclusive a mais fértil.

Em 24 de maio de 1978, o autor manteve o seguinte telefonema internacional com o cirurgião Dr. Walter K. Buehler, residente no Rio de Janeiro, um dos médicos que examinaram Antônio Villas Boas:

Buttlar: Fala Buttlar, da Alemanha. Desculpe, doutor, por incomodá-lo pelo telefone internacional; mas, será que posso fazer-lhe algumas perguntas sobre o caso de Antônio Villas Boas, que há uns tempos foram examinadas pelo senhor?

Buehler: Pois não. Estou às suas ordens.

Buttlar: Minha primeira pergunta: o senhor acha que Antônio, de fato, falou a verdade?

Buehler: Acho que sim; absolutamente.

Buttlar: Outra pergunta: o senhor, Dr. Buehler acha que a experiência de Antônio foi uma vivência real ou uma quimera, que para ele, se tornou realidade?

Buehler: Não tenho sequer a menor dúvida de que foi um acontecimento real.

Buttlar: E agora, minha terceira e última pergunta: dizem que Antônio teria sido contaminado por radiação. O senhor confirma?

Buehler: Até agora não foi divulgado o fato de o Dr. Fontes ter examinado Antônio com um contador Geiger e de, naquele exame, ter ficado inequivocamente exposto a radiações de fundo.

Buttlar: No local de pouso do OVNI?

Buehler: Não! Não foi no local, mas, sim, no próprio Antônio. Ademais, quando visitei Antônio na sua fazenda, seu irmão confirmou o aparecimento.

Buttlar: Muito obrigado Dr. Buehler!

Material escrito por JOHANNES VON BUTTLAR, transcrito na íntegra, da obra "Fenômeno UFO", tendo como título original "Das UFO-Phänomen", editado em 1978

NOTA: Antônio Villas Boas veio a falecer em 1992, na cidade de Uberaba - MG

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