Uma maré de tortura e morte de mulheres inocentes ligadas a "bruxaria" e "magia negra" oprime a polícia da nação.
Quase todos os residentes de Koge observaram como Julianna Gene e Kopaku Konia foram arrastadas de suas casas, penduradas em árvores e torturadas durante várias horas com facões de mato.
Ninguém se prontificou para ajuda-las. Aos olhos dos aldeões, as mulheres eram feiticeiras. Mereceram morrer.
"Usaram seus poderes para encantar um homem e mata-lo," disse Kingsley Sinemane, um líder da comunidade. "Tivemos que nos livrar delas, pois podiam ter matado outros. Tivemos que proteger a nossa aldeia".
O dedo da suspeita apontou para as mulheres depois que um homem local morreu num acidente de carro.
Agora o único sinal do horror que aconteceu nesta remota aldeia da Papua Nova Guiné, é uma negra clareira carbonizada, onde ficava algumas dúzias de casas.
O medo do sobrenatural e o estigma de ser apontado como uma bruxa é tão grande que cerca de 30 dos familiares das vítimas foram perseguidos e expulsos da aldeia.
Sapatos virados para cima e alguns pacotes de roupas é tudo aquilo que permanece das suas vidas anteriores.
A maioria deles não teve para onde fugir quando espalharam que eram ligados as bruxas e agora são forçados a morar em favelas na cidade mais próxima.
Um aumento chocante nas mortes por bruxaria em Papua Nova Guiné obrigou o governo a constituir uma comissão parlamentar de inquérito, visando a endurecer a lei.
Joe Mek Teine, presidente da comissão de reforma de leis da nação, declarou publicamente que essas matanças de bruxaria "saíram do controle".
A maior parte da caça às bruxas acontece nas montanhas, em áreas remotas, destruídas por séculos de guerras tribais e disputas de sangue.
O contato com o exterior só foi estabelecido nos anos 1930, quando alguns dos muitos grupos étnicos ainda viviam como na idade da pedra.
Embora não exista nenhuma estatística oficial das matanças por bruxaria, mais de 50 foram informadas à polícia em somente duas províncias no ano passado.
O esquadrão de homicídios da delegacia de polícia de Kundiawa, em Simbu, uma província íngreme, que se acredita, é o epicentro da caça as bruxas, está lutando para conter a onda de assassinatos.
O Detetive Inspetor Blacky Koglame calcula que há até 20 matanças por mês somente nesta área, mas a maioria não é informada. A bruxaria é um assunto tabu e secreto, e as pessoas frequentemente ficam assustadas para testemunhar.
Um novo e preocupante crescimento desse tipo de crime, que historicamente é um fenômeno rural, é que ele agora se espalha para áreas urbanas, em povoados e cidades, devido a expulsão de famílias das aldeias por pobreza e lutas tribais.
Mount Hagen, a maior cidade nas montanhas, recentemente foi abalada por uma onda de matanças de bruxas, e até mesmo foram informados casos na capital, Port Moresby.
A crença na magia negra é tão enraizada que o governo reconhece legalmente a magia, protegida pela Lei de feitiçaria de 1976.
Permite a magia branca (cura ou ritos de fertilidade, por exemplo), mas a chamada magia negra é punível com até dois anos de prisão. Isso resultou em assassinos alegando que a motivação de seus crimes foi a magia negra, e pedidos de redução de sentença.
Acusar alguém de bruxaria é um crime, mas o detetive Koglame estima que menos de 1 por cento dos casos acabam no tribunal. Mesmo quando as testemunhas aceitam depor, ele admite que a polícia simplesmente não têm os recursos para investigar.
Caçadores de bruxas da Papua Nova Guiné
Fonte: Arquivos do Insólito
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