segunda-feira, 25 de maio de 2009

Strangelet

Continuando a Série Fim dos Dias, que nas edições anteriores mostrou o perigo dos raios gama e do buraco da camada de ozônio, vamos conhecer hoje uma partícula que quase ninguém nunca ouviu falar, ostrangelet.

Apesar dos enormes avanços da física nos últimos séculos, uma pergunta aparentemente simples continua sendo um mistério: do que é feita a matéria em seu nível mais elementar? Os físicos que buscam respostas para esta questão costumam usar o mesmo método que um macaco utiliza para descobrir o que há dentro de uma noz: quebrá-la ao meio. No caso da física subnuclear, o que se deseja é quebrar prótons e nêutrons para tentar entender sua composição. Para conseguir isso, são usados aceleradores, que nada mais são do que grandes tubos circulares onde as partículas giram a velocidades próximas à da luz, até serem lançados umas contra as outras. A força do impacto as divide numa miríade de partículas ainda menores, que depois são analisadas.

Quanto mais energia for empregada num acelerador, maior a força do impacto, e teoricamente, menores e mais elementares as partículas residuais. Os aceleradores mais potentes do mundo, como o de Brookhaven, nos Estados Unidos, ou o CERN, instalado em Geneva, na Suíça, anunciaram recentemente que já possuem energia suficiente para fazer colidir dois núcleos de átomos de ouro (um dos metais mais pesados que existe) a energias jamais experimentadas na Terra. Muitos especialistas acreditam que colisões de núcleos atômicos pesados podem gerar, como resíduo, uma partícula chamada strangelet que teria efeitos devastadores. Num artigo recente, o físico Sheldon Glashow, ganhador do Prêmio Novel de Física de 1979, resume assim a catástrofe: “Um strangelet recém-criado poderia engolir os núcleos atômicos, crescendo sem parar até consumir a Terra inteira.”

Um dos físicos que conduzirão as experiências com núcleos pesados em Geneva, John Swain, não acredita nessa possibilidade. “Colisões de partículas muito mais violentas do que as que faremos acontecem o tempo todo no universo”, afirmou à Revista TERRA. O astrônomo Martin Rees tem opinião diferente. “Não podemos ter certeza de que colisões parecidas com as que vamos induzir já tenham ocorrido no universo”. E pergunta: “Será que vale a pena correr o risco de criarmos um strangelet?”.

Fontes:

ROMANINI, Vinícius. A Humanidade por um fio. Revista Terra, Set/2003, pg 60

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